sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A ameaçadora LAS PALMAS, nas ilhas Canárias, Espanha

A ameaçadora LA PALMA, nas ILHAS CANARIAS, ESPANHA

Formada de rochas vulcânicas e uma vegetação exuberante, não é de se espantar que a ilha de La Palma também seja conhecida como a "Ilha Bonita". É uma das sete ilhas do arquipélago das Ilhas Canárias na costa da África e é dominada por belezas naturais, desde o azul brilhante do céu até as areias escuras das praias. Porém sua beleza é ameaçada pelo um Vulcão que ameaça explodir e gerar onda que chegará à África, Caribe, América do Norte e Norte do Brasil.

Londres

Todos os elementos que se poderia querer para um filme clichê de desastre estão ali: uma linda ilha vulcânica no Atlântico, à beira de um colapso catastrófico, ameaçando propagar ondas gigantescas que vão avançar pelo globo em questão de horas. E enquanto os cientistas tentam em vão tornar audível seus alertas, os governos olham para o outro lado.
Segundo Bill McGuire, diretor do Centro de Pesquisa de Riscos Benfield Grieg, da University College of London, um grande bloco de terra, aproximadamente do tamanho da Ilha britânica de Man (572 km²), está prestes a se desgarrar da Ilha de La Palma, nas Canárias, após uma erupção do Vulcão Cumbre Vieja.





Vulcão Cumbre Vieja

Quando — McGuire garante que a questão não é ''se'' — o bloco cair, vai gerar ondas gigantes chamadas megatsunamis. Viajando a 900 km/h, as imensas paredes de água vão atravessar os oceanos e atingir ilhas e continentes, deixando um rastro de destruição [e morte] como os vistos no cinema. Os megatsunamis são ondas muito maiores do que as que o homem está acostumado a ver.
— 'Quando um destes megatsunamis surge, se mantém de 10 a 15 minutos. É como uma grande parede de água em direção ao litoral' — descreve McGuire.
Modelos feitos em computador do colapso da IIha mostram as primeiras regiões a serem afetadas por ondas de até 100 metros de altura: as ilhas vizinhas do arquipélago espanhol das Canárias. Em poucas horas, a costa ocidental da África será golpeada por ondas similares.
Entre 9 e 12 horas depois do colapso em La Palma, ondas de 20 a 50 metros vão cruzar 6.500 km de oceano e atingir as ilhas caribenhas e a costa leste dos Estados Unidos e do Canadá. Ao chegar a portos e estuários, a água será canalizada para o interior. Mortes de pessoas e destruição de bens serão imensas, de acordo com McGuire.
Até 19 horas depois da erupção, ondas de 4 a 18 metros vão atingir as costas Norte e Nordeste do Brasil – do Pará à Paraíba. A Ilha de Fernando de Noronha será um dos locais no qual o megatsunami chegará com mais força no Atlântico Sul.
A Europa também será golpeada. O litoral sul de Portugal, da Espanha e o Oeste da Grã-Bretanha vão experimentar ondas de até 10 metros, quatro ou cinco horas depois do evento geológico nas Canárias. Portos serão destruídos. Desastres naturais como estes são raros; ocorrem a cada 10 mil anos. Mas La Palma pode entrar em colapso muito antes.
— 'O que sabemos é que está em processo de acontecer' — garante McGuire.
A Ilha chamou a atenção dos cientistas em 1949, quando seu vulcão, o Cumbre Vieja, entrou em erupção, causando um desabamento de parte de seu flanco Oeste, que afundou quatro metros oceano abaixo. Especialistas acreditam que placas de terreno continuam escorregando lentamente para o mar e dizem que uma próxima erupção deve fazer toda a lateral ocidental da montanha desabar.
— 'Quando acontecer, não vai levar mais do que 90 segundos' — disse McGuire.
Apesar da potencial escala de ameaça, pouco tem sido feito para monitorar a atividade geológica da Ilha de La Palma, nas Canárias. Alguns sismógrafos foram instalados na precária encosta oeste da ilha. Além disso, os equipamentos não dão informações suficientes para estimar quando uma nova erupção deverá ocorrer.
— 'A situação é realmente preocupante. Podemos não estar percebendo o necessário em relação ao vulcão Cumbre Vieja' — alerta Bill McGuire, diretor do Centro de Pesquisa de Riscos da University College of London.
Cientistas, como o britânico, conclamam para um esforço internacional no sentido de instalar sensores mais sofisticados e em maior número na Ilha, assim como satélites com posicionamento global que possam detectar a velocidade, por menor que seja, com que a massa de terra continua a deslizar para o mar. Segundo McGuire, sistemas como este não são tão caros para os governos: custam menos de US$ 1 milhão. — 'Os EUA devem ter cuidado com a ameaça do La Palma. As nações do Caribe também não suportarão tamanha destruição. Mas não se leva o assunto a sério. Os governos mudam e ninguém se interessa' — critica o geólogo britânico.
No entanto, mesmo que equipamentos de monitoramento sejam instalados, nada pode ser feito para prevenir o desastre natural. Poucas medidas adiantariam em caso de colapso da Ilha. Barreiras não protegeriam dos megatsunamis. Tentar uma maneira racional de quebrar La Palma antes que a natureza o faça é tão perigoso ou demorado quanto deixar as coisas seguirem seu rumo.
Novos sismógrafos poderiam avisar sobre uma erupção com até duas semanas de antecedência. Mas ninguém pode afirmar em que momento o vulcão vai desabar ou se esta explosão acontecerá nos próximos séculos. Ordenar retiradas em massa da população – uma medida acertada do ponto de vista humanitário – traria um imenso impacto financeiro, que só iria piorar a situação dos países, se o alarme fosse falso.
Mas o evento promete ser extraordinário. Só nos litorais das Canárias, da América do Norte e da África (os locais onde as ondas teriam poder mais letal) calcula-se que 100 milhões de pessoas seriam diretamente afetadas pelo colapso.

Fonte: Steven N. Ward
Institute of Geophysics and Planetary Physics, University of California, Santa Cruz California, USA


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