quinta-feira, 5 de maio de 2011

Livro: THE LAST OF THE TRIBE (o último da tribo) - Monte Reel



Livro narra vida de índio isolado no Brasil

O jornalista americano Monte Reel encontrou no Brasil o homem mais sózinho do mundo: um índio sem tribo, que vive isolado de qualquer contato humano no coração da floresta Amazônica. Pouco se sabe sobre ele: vive nu, tem cerca de 40 anos, usa arco e flecha e estranhamente cultiva um pequeno bigode. Sim, aparentemente há índios com pelo no rosto.
Mais de três anos de pesquisa sobre o caso sem precedentes resultaram no livro "The Last of the Tribe" (o último da tribo), Scribner, 2010. Está a caminho de virar filme - com direitos comprados por estúdio, um diretor envolvido (Doug Liman, de "A Identidade Bourne" e "Fair Game") e agora em processo de roteirização.
O índio solitário foi visto pela primeira vez em Rondônia em 1996. Agentes da Funai fizeram várias incursões na mata para tentar se comunicar com ele, com a intenção de definir sua origem e facilitar o processo de demarcar a terra a que tem direito pela Constituição.
Não tiveram sucesso. Arredio, o índio chegou a dar uma flechada quase fatal em um dos membros da equipe que tentou aproximação.
Os brancos acabaram decidindo respeitar sua solidão - não sem antes lutar contra ameaças de todos os lados para garantir a ele um pedaço da floresta.
"Mas o que torna o homem no Brasil único não é meramente a extensão de sua solidão ou o fato de que o governo sabe que ele existe. É a forma como responderam a isso" afirma Reel, para quem a política de não fazer contato é uma aposta que merece ser feita.

Escrever o livro foi como mexer com um ''vespeiro'' -
- Ex-correspondente do "washington Post", Monte Reel, 39, sabia que estava mexendo com um vespeiro ao escrever sobre a luta pela proteção de um índio sem tribo na Amazônia.
De um lado, aproximou-se de inflexíveis defensores do índio - principalmente Marcelo dos Santos, Altair Algayer e Sydney e Orlando Possuelo, então funcionários da Funai.
De outro, irritou fazendeiros e famílias da região, em Rondônia, que preferem explorar a terra para o benefício de muitos a preservá-la para um só indivíduo.
Os membros da equipe de contato da Funai que lidavam então com as tribos isoladas da floresta levaram o esforço pelo índio às últimas consequências.
Sobreviveram a flechadas e tiveram os empregos e até as vidas ameaçados.
Jamais descobriram a explicação para mistérios como o fundo buraco retangular que o índio cava no centro das cabanas que monta e abandona conforme são descobertas.
Conseguiram, por fim, demarcar a terra para um indígena com o qual nunca falaram. Segundo Reel, a atual demarcação está protegida até 2012.
Mas a tensão continua no ar. Em novembro de 2009 o acampamento da Funai na área foi destruído e foram encontrados cartuchos de espingarda pelo chão.
"Pouco depois, a Funai fez uma expedição na área para checar se não haviam tentado atacar o índio. Parece que ele está bem", diz o escritor.
"QUANTO MAIS GENTE FICAR SABENDO DA HISTÓRIA, MAIS SEGURO O ÍNDIO VAI ESTAR", acredita Reel.

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