terça-feira, 20 de março de 2012

Culinária: OVO DE PÁSCOA RECHEADO DE TRAVESSA

IngredientesImage
  • 3 latas de leite condensado
  • 2 colheres (sopa) de amido de milho
  • 2 latas de leite (use a lata de leite condensado vazia como medida)
  • 6 gemas
  • 1/2 colher (sopa) de essência de baunilha
  • 2 caixas de creme de leite
  • 2 xícaras (chá) de chocolate meio amargo derretido
  • 1/2 xícara (chá) de castanha de caju picada
  • 2 xícaras (chá) de chocolate ao leite picado
Modo de preparo
  • Em uma panela, coloque o leite condensado, o amido de milho dissolvido no leite, as gemas e leve ao fogo médio, mexendo até engrossar.
  • Desligue e acrescente a essência de baunilha.
  • Espere esfriar e misture o creme de leite.
  • Separe 1/3 da mistura e reserve.
  • No creme restante, misture o chocolate amargo derretido.
  • Em um refratário médio, faça uma camada com metade do creme de chocolate.
  • Leve ao congelador por 15 minutos, retire e cubra com o creme branco reservado.
  • Distribua a castanha de caju, volte ao congelador por mais 10 minutos e cubra com o creme de chocolate restante.
  • Derreta o chocolate ao leite e espalhe sobre o creme.
  • Leve à geladeira por 2 horas, antes de servir.
Rendimento: 8 porções
Tempo de preparo: 50 minutos
Tempo de descanso: 25 minutos de congelador e + 2 horas de geladeira


Fonte: http://www.comidaereceitas.com.br/doces-e-sobremesas/ovo-de-pascoa-recheado-de-travessa.html#ixzz1phdEgeTn

SAÚDE: TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE


Personalidade é definida pela totalidade dos traços emocionais e de comportamento de um indivíduo (caráter). Pode-se dizer que é o "jeitão" de ser da pessoa, o modo de sentir as emoções ou o "jeitão" de agir.
Um transtorno de personalidade aparece quando esses traços são muito inflexíveis e mal-ajustados, ou seja, prejudicam a adaptação do indivíduo às situações que enfrenta, causando a ele próprio, ou mais comumente aos que lhe estão próximos, sofrimento e incomodação. Geralmente esses indivíduos são pouco motivados para tratamento, uma vez que os traços de caráter pouco geram sofrimento para si mesmos, mas perturbam suas relações com outras pessoas, fazendo com que amigos e familiares aconselhem o tratamento. Geralmente aparecem no início da idade adulta e são cronificantes (permanecem pela vida toda) se não tratados.
As causas destes transtornos geralmente são múltiplas, mas relacionadas com as vivências infantis e as da adolescência do indivíduo.
O tratamento desses transtornos é bastante difícil e igualmente demorado, pois em se tratando de mudanças de caráter, o indivíduo terá de mudar o seu próprio "jeito de ser" para que o tratamento seja efetivo.
Existem muitos tipos desses transtornos, como se vê a seguir:
Transtorno de Personalidade Paranóide:
Indivíduos desconfiados, que se sentem enganados pelos outros, com dúvidas a respeito da lealdade dos outros, interpretando ações ou observações dos outros como ameaçadoras. São rancorosos e percebem ataques a seu caráter ou reputação, muitas vezes ciumentos e com desconfianças infundadas sobre a fidelidade dos seus parceiros e amigos.
Transtorno de Personalidade Esquizóide:
Indivíduos distanciados das relações sociais, que não desejam ou não gostam de relacionamentos íntimos, realizando atividades solitárias, de preferência. Pouco ou nenhum interesse em relações sexuais com outra pessoa, e pouco ou nenhum prazer em suas atividades. Não têm amigos íntimos ou confidentes, não se importam com elogios ou críticas, sendo frios emocionalmente e distantes.
Transtorno de Personalidade Esquizotípica:
Indivíduos excêntricos e estranhos, que têm crenças bizarras, com experiências de ilusões e pensamento e discurso extravagante. Falta de amigos e muita ansiedade no convívio social.
Transtorno de Personalidade Borderline:
Indivíduos instáveis em suas emoções e muito impulsivos, com esforços incríveis para evitar abandono (até tentativas de suicídio). Têm rompantes de raiva inadequada. As pessoas a sua volta são consideradas ótimas, mas frente a recusas tornam-se péssimas rapidamente, sendo desconsideradas as qualidades anteriormente valorizadas. Costumam apresentar uma hiper reatividade afetiva, em que as situações boas são ótimas ou excelentes, e as ruins ou desfavoráveis são péssimas ou catastróficas.
Transtorno de Personalidade Narcisista:
Indivíduos que se julgam grandiosos, com necessidade de admiração e que desprezam os outros, acreditando serem especiais e explorando os outros em suas relações sociais, tornando-se arrogantes. Gostam de falar de si mesmos, ressaltando sempre suas qualidades e por vezes contando vantagens de situações. Não se importam com o sofrimento que causam nas outras pessoas e muitas vezes precisam rebaixar e humilhar os outros para que se sintam melhor.
Transtorno de Personalidade Anti-social:
Indivíduos que desrespeitam e violam os direitos dos outros, não se conformando com normas. Mentirosos, enganadores e impulsivos, sempre procurando obter vantagens sobre os outros. São irritados, irresponsáveis e com total ausência de remorsos, mesmo que digam que têm, mais uma vez tentando levar vantagens. Podem estabelecer relacionamentos afetivos superficiais, mas não são capazes de manter vínculos mais profundos e duradouros.
Transtorno de Personalidade Histriônica:
Indivíduos facilmente emocionáveis, sempre em busca de atenção, sentindo-se mal quando não são o centro das atenções. São sedutores, com mudanças rápidas das emoções. Tentam impressionar aos outros, fazendo uso de dramatizações, e tendem a interpretar os relacionamentos como mais íntimos do que realmente são.
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva:
Indivíduos preocupados com organização, perfeccionismo e controle, sempre atento a detalhes, listas, regras, ordem e horários. Dedicação excessiva ao trabalho, dão pouca importância ao lazer. Teimosos, não jogam nada fora ("pão-duro") e não conseguem deixar tarefas para outras pessoas.
Transtorno de Personalidade Esquiva:
Indivíduos tímidos (exageradamente), muito sensíveis a críticas, evitando atividades sociais ou relacionamentos com outros, reservados e preocupados com críticas e rejeição. Geralmente não se envolvem em novas atividades, vendo a si mesmos como inadequados ou sem atrativos e capacidades.
Transtorno de Personalidade Dependente:
Indivíduos que têm necessidade de serem cuidados, submissos, sempre com medo de separações. Têm dificuldades para tomar decisões, necessitam que os outros assumam a responsabilidade de seus atos, não discordam, não iniciam projetos. Sentem-se muito mal quando sozinhos, evitando isso a todo custo.
O tratamento desses transtornos baseia-se na Psicoterapia (de orientação analítica ou comportamental na maioria dos casos) e Psicanálise. Algumas vezes deve-se também tratar outros transtornos que se desenvolvem juntamente com esses, e na maioria das vezes, por causa desses. Aparece comumente depressão e ansiedade associados a esses transtornos. A procura pelo atendimento é geralmente estimulada pelos amigos e familiares, que são muito mais incomodados pelo transtorno que o próprio indivíduo. Não se pode esquecer que muitas dessas características fazem parte dos traços normais de muitos indivíduos, e somente quando esses traços são muito rígidos e não adaptativos é que constituem um transtorno.

sábado, 3 de março de 2012

Literatura: GRANDE SERTÃO: VEREDAS - GUIMARÃES ROSA

Grande Sertão: Veredas é um livro de Guimarães Rosa escrito em 1956. Pensado inicialmente como uma das novelas do livro Corpo de Baile, lançado nesse mesmo ano de 1956, cresceu, ganhou autonomia e tornou-se um dos mais importantes livros da literatura brasileira e da literatura lusófona.

trecho do livro: O MAIS IMPORTANTE E BONITO DO MUNDO  É ISTO: QUE AS PESSOAS NÃO SÃO SEMPRE IGUAIS, AINDA NÃO FORAM TERMINADAS, MAS QUE ELAS VÃO SEMPRE MUDANDO, AFINAL OU DESAFINAM VERDADE MAIOR, É O QUE A VIDA ME ENSINOU.

"Tivesse medo? O medo da confusão das coisas, no mover desses futuros, que tudo é desordem. E, enquanto houver no mundo um vivente medroso, um menino tremor, todos perigam - o contagioso. Mas ninguém tem a licença de fazer medo nos outros, ninguém tenha. O maior direito que é meu - o que quero e sobrequero -: é que ninguém tem o direito de fazer medo em mim."

 Riobaldo, protagonista do romance Grande Sertão: Veredas, percebe que o medo é contagioso e reconhece o seu direito de não lhe fazerem medo. Munido de tal certeza, embrenha-se por entre as veredas mortas em busca de um pacto com o diabo. Procura uma encruzilhada sombria e permanece a espera do tinhoso.
"O que tinha por mim - só a invenção da coragem."
A noite passa dentro do personagem. Os espectros das veredas sombreiam seu corpo e incorporam as expectativas e visagens do jagunço. Os primeiros raios do amanhecer iluminam a obscuridade de Riobaldo. O pacto com o diabo é um pacto com ele próprio. O personagem é fortalecido com a apropriação do medo. O agente do perigo é ele e não a projeção no mundo do "coisa ruim" que aprendeu desde criança a temer e respeitar.
"Posso me esconder de mim?" O questionamento abre a chaga do verdadeiro mistério. Riobaldo deixa-se abater pela febre na claridade.
"Viver é muito perigoso", "viver é um descuido prosseguido", mas o jagunço, com tiro certeiro, afirma que "viver é etcétera". A infinidade de veredas que podemos perfilar na oração de nossas ações. As possibilidades podem estar sob as sombras dos nossos receios.
O homem e suas projeções, ações e omissões num mundo indiferente. Os conflitos humanos construindo e destruindo as teias de vivências. É necessário viver o paradoxo. Ser heroicamente autor de nossas covardias... Será? E a coragem de criar, de retalhar o medo na intimidade e desafiar o mundo como Riobaldo desafia ao lançar-se num pacto com o representante do Mal?
A coragem de construir alicerces para nossa incompletude. Assumir o risco pelo dano que podemos nos causar... "Viver é etcétera..." Riobaldo reacendeu a coragem na conquista de um novo espaço no mundo.
O mundo é indiferente, o mal é apenas uma projeção... O ser é o cerne de seu temor, o vir a ser e o não ser... os grandes interditos... O direito está em ser o único perigo real.
"Medo agarra a gente é pelo enraizado." Estar preso às raízes pode impossibilitar um olhar mais amplo para as conquistas dos novos horizontes. Presos às limitações dos sentidos, resta-nos permanecer na situação, culpando o medo e o remorso por nossa inação.
Na vida devemos valorizar nossas origens nas raízes que nos prendem aos solos, mas devemos construir nossas antenas para poder compartilhar as inovações do mundo e enfrentá-las com segurança.
"Só temos que temer o próprio medo." Edgar Morin, com outras palavras, afirma o direito declarado por Riobaldo e elabora o mistério "Todo mistério do mundo está no nosso espírito. Todas as estruturas do nosso espírito são projetadas ao exterior, sobre o mundo."
A realidade se perde, pois só pode ser concebida se o sentimento for iniciado no homem e nele terminar com a atitude de um pacto em que o medo passa a compor para um objetivo... Contudo, quando o homem perde a noção da extensão de si e dos seus atos, os sentimentos são projetados para o outro, o medo surge como a impotência de ser para si, como a negação de ser para o outro.
Guimarães Rosa desvenda os sertões, abre veredas de lucidez e sensibilidade por intermédio do jagunço Teobaldo. Quantas são as passagens que poderiam ser objetos de ensaios! Quantas exclamações salientam a pluralidade do homem! Quantos sertões existem a serem desbravados!
O final do romance umedece todas as sensações. A morte de Diadorim, o menino da travessia do São Francisco que cresceu, cruzou os sertões em vida de vingança e morreu em combate num corpo feminino, é toda a poesia. Neste momento a prosa de Guimarães Rosa é imagem, som e pensamento - as veredas, os versos a construir o poema-sertão.
O leitor, seduzido, vivencia a emoção sem poder decifrar a simbologia de tantas metáforas, envolve-se de forma plena sem ter a real percepção de suas emoções. O encontro de Riobaldo e Diadorim se dá na impossibilidade. O mistério se apaga nos finos lábios que, calados, se tornam sertão.
O ser humano na travessia, muitas vezes teme ousar por novas veredas, amedronta-se diante de novas abordagens - a incapacidade aniquila o paradoxo e estagna o homem na limitação do perigo aparente.
Guimarães Rosa ousou. Criou uma nova linguagem e inovou no desenvolvimento do enredo, retratando áridas vidas que compõem os sertões do mundo, sem temer a crítica. O grande desafio estava em transformar em literatura a sua percepção do mundo e dos semelhantes.
Ninguém teve o direito de lhe fazer sentir medo. Nós, leitores, admiramos sua coragem criativa e sua grande obra e devemos nos preencher das metáforas do caminho para assumir o pacto com nossa ambigüidade.

Conscientes de que o medo se instaura na ausência da força de uma realização. Concretizemos nossos ideais para estabilizarmo-nos diante da confusão das coisas num futuro incerto dentro da perspectivas dos caminhos que se descobrem nos primeiros passos.