quarta-feira, 31 de julho de 2013

Nutrição: Suco para Gastrite

A gastrite é um mal comum. Ela é a inflamação da mucosa que reveste o estômago e o bom resultado do tratamento é a soma do acompanhamento médico e da alimentação correta.

As causas mais frequentes são: ingestão excessiva de álcool, uso prolongado de medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios ou a gastrite autoimune, que ocorre quando o organismo produz anticorpos que agridem a ele mesmo. O refluxo e o estresse excessivo também podem causar a gastrite.

O que se sente é uma dor na parte superior da barriga, que pode vir junto com azia ou queimação, e pode evoluir, por isso é preciso cuidar das causas. Náuseas, vômitos e perda de apetite também são alguns dos sintomas. O recomendado é consultar um médico para identificar o tratamento ideal para cada caso.

Veja algumas dicas:

- Evite bebidas e alimentos com cafeína.

- Evite analgésicos, anti-inflamatórios e bebidas alcoólicas.

- Procure manter a regularidade das refeições. É importante comer a cada 3 horas e mastigar bem os alimentos, sem pressa.

- Evite alimentos com corantes, frituras, embutidos, pimentas e condimentos fortes, frutas cítricas, leite e derivados.

Agora, anote uma receita de suco à base de mamão papaia. Ele auxilia na digestão e, como não é uma fruta ácida, ajuda a acalmar o desconforto na mucosa do estômago.

Ingredientes:

1 mamão papaia sem semente

200 gramas de polpa de acerola

100 ml ou um copo de água

Bata no liquidificador e tome imediatamente para garantir as propriedades. O ideal é tomar após as principais refeições do dia e sem adoçar. Mas, se preferir, opte pelo mel.

O suco é apenas uma sugestão para complementar a alimentação de quem sofre com a gastrite. Sendo assim, ele não pode ser responsável por acabar com ela. Reforço a importância de consultar um médico de sua confiança para realizar o tratamento corretamente.

sábado, 27 de julho de 2013

Bem Estar e Saúde: Como cuidar da pele no inverno

Apesar de os cuidados com a pele serem de extrema importância, uma grande parcela das mulheres ainda dispensa o Apesar de os cuidados com a pele serem de extrema importância, uma grande parcela das mulheres ainda dispensa o uso de produtos específicos para o rosto. Enquanto no Japão 45% das compras de cosméticos se refere a produtos de tratamento facial, no Brasil o número cai para apenas 5%. Por aqui, o maior mercado é o de produtos para cabelos. Estes e outros dados foram apresentados pela Natura  no último mês de maio, em um evento que reuniu a imprensa do Sul do Brasil, no Spa do Vinho, em Bento Gonçalves.
Jornalistas e blogueiras ficaram por dentro dos próximos lançamentos da marca para o inverno, mas também tiveram conhecimento de uma pesquisa encomendada pela Natura para identificar o perfil da brasileira com relação aos cuidados com a pele do rosto. Foram realizadas 1200 entrevistas pessoais com mulheres de 15 a 70 anos, classes ABC, que usam ou não produtos específicos para o rosto e que não rejeitam a compra por venda direta.
Os dados mostram que, entre as entrevistadas, as que mais utilizam produtos específicos para o rosto são as gaúchas, com percentual de 65%. Todas as mulheres que responderam à pesquisa costumam lavar o rosto e metade delas passa algum creme ou loção como parte do cuidado com a beleza, mas apenas 30% usam sabonete específico para a face.
Se você está se perguntando qual seria o motivo para que a pele do rosto necessite de tratamento especial, a resposta é simples: ela é mais delicada do que a pele do corpo e por isso precisa de produtos adequados e com fórmulas mais suaves. É por isso que ao lavar o rosto com o sabonete comum você sente aquela sensação de pele esticada ou, ainda, ressecada.
As diferenças entre as características da pele nas diferentes regiões do corpo se dão por questões de estrutura, embrionária e ambiental. Assim, cada região do corpo necessita de cuidados específicos e direcionados como, por exemplo, maior necessidade de hidratação e proteção aos raios UV nas regiões mais expostas da pele.

TRATAMENTO
Uma rotina completa de cuidados com a pele exige a preparação, com limpeza, esfoliação e tonificação; tratamento de regiões específicas e hidratação antisinais. A limpeza é um dos passos mais importantes, pois remove células mortas e oleosidade residual. O ideial é usar produtos com tensoativos suaves que limpam de forma eficaz, mas sem ressecar ou agredir a pele.
Os tônicos auxiliam na compensação das necessidades da pele e na normalização das características estéticas. Controlam a oleosidade, reduzem o tamanho de poros e, além disso, complementam a limpeza preparando a pele para a etapa de hidratação potencializando os benefícios do tratamento cosmético. Já os esfoliantes uniformizam a pele, eliminam células mortas e estimulam a renovação celular.
Como nosso corpo é composto por 75% de água, é ela o principal elemento para a manutenção das propriedades físicas de flexibilidade e elasticidade da pele. A perda de água, que pode ocorrer em função de mudanças fisiológicas, envelhecimento, tabagismo, ar-condicionado, água quente e tensoativos com PH alcalino, altera a função de barreira da pele.
A hidratação pode ser feita por meio de dois mecanismos: a oclusão e a humectação. A primeira está relacionada principalmente com os óleos corporais, que criam uma espécie de filme sobre a pele evitando que ela perca água. Já a humectação é feita através dos hidratantes que absorvem água do ar na superfície da pele.

PELE DO CORPO
A pele das demais partes do corpo também necessita de hidratação – especialmente no inverno. Conforme a gerente de desenvolvimento de produtos da Natura, Roberta Roesler, é importante dar atenção às partes que ficam mais expostas e acabam sofrendo com a falta de umidade e a temperatura mais baixa, como mãos e rosto.
“No entanto, não podemos esquecer das partes naturalmente mais ressecadas: cotovelos, pernas e pés. Além disso, no inverno é habitual que as pessoas tomem banho com água muito quente e esse excesso ocasiona a perda da camada de hidratação que a própria pele produz, fazendo com que ela se torne ressecada, podendo inclusive descamar”, explica.
Por isso, é importante utilizar cosméticos que se adequem ao clima da estação, além de ter sempre à mão produtos que possam ser utilizados ao longo do dia, como o creme para áreas ressecadas.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Bem Estar: Meditação ganha, enfim, aval científico

A receita para lidar com dezenas de problemas de saúde é fechar os olhos, parar de pensar em si e se concentrar exclusivamente no presente. A ciência está descobrindo que os benefícios da meditação são muitos, e vão além do simples relaxamento. "As grandes religiões orientais já sabem disso há 2.500 anos. Mas só recentemente a medicina ocidental começou a se dedicar a entender o impacto que meditar provoca em todo o organismo. E os resultados são impressionantes", afirma Judson A. Brewer, professor de psiquiatria da Universidade Yale.

Iniciada na Índia e difundida em toda a Ásia, a prática começou a se popularizar no ocidente com o guru Maharishi Mahesh Yogi, que nos anos 1960 convenceu os Beatles a atravessar o planeta para aprender a meditar. Até a década passada, não contava com respaldo médico. Nos últimos anos, os pesquisadores ocidentais começaram a entender por que, afinal, meditar funciona tão bem, e para tantos problemas de saúde diferentes. "Com a ressonância magnética e a tomografia, percebemos que a meditação muda o funcionamento de algumas áreas do cérebro, e isso influencia o equilíbrio do organismo como um todo", diz o psicólogo Michael Posner, da Universidade de Oregon.


A meditação não se resume a apenas uma técnica: são várias, diferindo na duração e no método (em silêncio, entoando mantras etc.). Essas variações, no entanto, não influenciam no resultado final, pois o efeito produzido no cérebro é parecido. Na prática, aumenta a atividade do córtex cingulado anterior (área ligada à atenção e à concentração), do córtex pré-frontal (ligado à coordenação motora) e do hipocampo (que armazena a memória). Também estimula a amígdala, que regula as emoções e, quando acionada, acelera o funcionamento do hipotálamo, responsável pela sensação de relaxamento.


Não se trata de encarar a meditação como uma panaceia universal, os estudos mostram também que ela tem aplicações bem específicas. Mas, ao contrário de outras terapias alternativas que carecem de comprovação científica, a meditação ganha cada vez mais respaldo de pesquisas realizadas por grandes instituições.


Hoje, os estudos sobre os benefícios da meditação estão concentrados em seis áreas.
REDUÇÃO DO STRESS
Meditar é mais repousante do que dormir. Uma pessoa em estado de meditação consome seis vezes menos oxigênio do que quando está dormindo. Mas os efeitos para o cérebro vão mais longe: pessoas que meditam todos os dias há mais de dez anos têm uma diminuição na produção de adrenalina e cortisol, hormônios associados a distúrbios como ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade e stress. E experimentam um aumento na produção de endorfinas, ligadas à sensação de felicidade. A mudança na produção de hormônios foi observada por pesquisadores do Davis Center for Mind and Brain da Universidade da Califórnia. Eles analisaram o nível de adrenalina, cortisol e endorfinas antes e depois de um grupo de voluntários meditar. E comprovaram que, quanto mais profundo o estado de relaxamento, menor a produção de hormônios do stress.

Este efeito positivo não dura apenas enquanto a pessoa está meditando. Um estudo conduzido pelo Wake Forest Baptist Medical Center, na Carolina do Norte, colocou 15 voluntários para aprender a meditar em quatro aulas de 20 minutos cada. A atividade cerebral foi examinada antes e depois das sessões. Em todos os pesquisados, foi observada uma redução na atividade da amígdala, região do cérebro responsável por regular as emoções. E os níveis de ansiedade caíram 39%.


Para quem já está estressado, a meditação funciona como um remédio. Foi o que os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos descobriram ao analisar 28 enfermeiras do hospital da Universidade do Novo México, 22 delas com sintomas de stress pós-traumático.
A metade que realizou duas sessões por semana de alongamento e meditação viram os níveis de cortisol baixar 67%. A outra metade continuou com os mesmos níveis.

Resultados parecidos foram observados entre refugiados do Congo, que tiveram que deixar suas terras para escapar da guerra. O grupo que meditou ao longo de um mês viu os sintomas de stress pós-traumático reduzir três vezes mais do que as pessoas que não meditaram – índices parecidos aos já observados entre veteranos americanos das guerras do Vietnã e do Iraque.


MELHORIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

A Universidade de Ciências da Saúde da Geórgia conseguiu melhorar a sobrecarga cardíaca de 31 adolescentes americanos hipertensos. Os jovens apenas acrescentaram um hábito a suas rotinas: meditar duas vezes por dia, durante 15 minutos, ao longo de quatro meses. Outros 31 receberam orientações médicas, mas não meditaram. A primeira metade terminou o período de testes com a massa do ventrículo esquerdo menor – sinal de redução dos riscos de desenvolver doenças cardíacas e vasculares.

Outro levantamento, este da Universidade da Califórnia em Los Angeles, mediu o acúmulo de gordura nas artérias de 30 pessoas com pressão alta. Depois de meditar 20 minutos, duas vezes por dia, ao longo de sete meses, a quantidade estava menor, enquanto que ela não havia sido alterada no grupo de controle.


Meditar também é útil para reduzir em 47% as chances de ataque cardíaco e infarto em adultos. Foi o que concluiu a Associação Americana do Coração, depois de acompanhar um grupo de pacientes de 59 anos de idade, em média, ao longo de nove anos, de 2000 a 2009. Todos continuaram recebendo a medicação necessária, mas metade foi convidada a participar de sessões de meditação sem regularidade definida. Neste grupo, a pressão arterial caiu significativamente. "Foi como se a meditação funcionasse como um medicamento totalmente novo e muito eficiente para prevenir doenças cardíacas", afirma o fisiologista americano Robert Schneider, diretor do Center for Natural Medicine and Prevention e responsável pelo estudo.


INSÔNIA E DISTÚRBIOS MENTAIS

Técnicas de relaxamento profundo, colocadas em prática durante o dia, podem melhorar a quantidade e a qualidade do sono. É o que aponta um estudo de 2008, do Northwestern Memorial Hospital, de Illinois. Cinco pessoas, com 25 a 45 anos e sofrendo de insônia crônica, foram submetidas a meditação durante dois meses. Passaram a dormir duas horas a mais por dia e alcançaram níveis de sono REM mais próximos do considerado saudável.

Em muitos casos, a insônia é sintoma de depressão. A meditação também funciona para atacar a causa. A Universidade da Califórnia conseguiu reduzir os casos de depressão entre 20 idosos com um simples programa de oito semanas de relaxamento, meia hora por dia. "No limite, meditar atrasar o aparecimento de sintomas do Alzheimer. A depressão na terceira idade é um fator de risco para o desenvolvimento desta doença", afirma o psiquiatra Michael Irwin, professor do Semel Institute for Neuroscience and Human Behavior da universidade.


O psicólogo Michael Posner e o neurocientista e professor da Universidade de Tecnologia do Texas Yi-Yuan Tang mediram a densidade dos axônios de pessoas que começaram a meditar. Quanto mais densos, maior a capacidade de realizar conexões cerebrais e menores os riscos de sofrer distúrbios mentais, de depressão a esquizofrenia. "A quantidade de conexões cerebrais está diretamente relacionada à saúde mental. Neste sentido, podemos dizer que a meditação é um exercício para a mente, excelente para deixá-la mais 'musculosa' e prevenir doenças", afirma o professor Posner.
ALÍVIO DA DOR
Quem tem a meditação como hábito sente menos dor. O pesquisador Joshua Grant, do Departamento de Fisiologia da Universidade de Montreal comprovou esta hipótese encostando placas aquecidas nas nucas de 26 pessoas, 13 delas sem contato com a técnica e outras 13 com mais de 1000 horas de experiência em meditação. A placa era aquecida a 46 graus, depois 47, e assim sucessivamente, até 56. Todos os meditadores suportaram temperaturas acima dos 52 graus.

Nenhuma das pessoas inexperientes aguentou mais do que 50 graus. Na medida, o grupo que medita respirou 12 vezes por minuto. O outro respirou 15 vezes, um indício de stress maior. "As pessoas que meditam precisam menos de analgésicos. Elas sofrem menos pela antecipação da dor", diz Grant, que, no cruzamento de dados, concluiu que o hábito de meditar provocou uma resistência à dor 18% maior. De acordo com um grupo de neurocientistas do Center for Investigating Healthy Minds da Universidade de Wisconsin-Madison, a resistência de quem medita é maior em situações em que o stress influencia diretamente no nível de dor – caso de artrite e inflamações intestinais.


REFORÇO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO

O sistema imunológico também é favorecido. "O aumento da atividade cerebral relacionada a pensamentos positivos tem influência direta na maior produção de anticorpos. A meditação também intensifica a ação da enzima telomerase", diz Judson A. Brewer, de Yale. As implicações desta descoberta são fundamentais para o tratamento de tumores malignos. A Associação Americana de Urologia já declarou que a meditação é recomendada para ajudar a conter o câncer de próstata.

Também ajuda a lidar com o câncer de mama. Um grupo de 130 mulheres com a doença, todas com mais de 55 anos, aceitaram participar de um teste que reforça esta teoria. Ao longo de dois anos, elas foram divididas em dois grupos, um deles fazendo meditação. A situação foi monitorada pelos médicos do Saint Joseph Hospital, em Chicago. A metade que meditou teve maior resistência para lidar com as dores provocadas pela quimioterapia e experimentou uma reação física melhor à doença.


MELHORIA NA CONCENTRAÇÃO

Na escola estadual Bernardo Valadares de Vasconsellos, em Sete Lagoas (MG), os 1.400 alunos fazem, todos os dias, o Tempo de Silêncio. Quem desejar pode aproveitar os 15 minutos para meditar. Quem não quiser, pode apenas descansar. A iniciativa foi inspirada pela Fundação David Lynch, que já orientou a criação de programas de meditação na escola estadual Presidente Roosevelt, em São Paulo, e na escola estadual Helio Pelegrino, no Rio de Janeiro.

“Estimamos que 20% dos estudantes continuam meditando por conta própria”, diz Joan Roura, diretor da fundação no Brasil. “Alunos que meditam são mais tranquilos, mais focados e têm maior capacidade de apreender informações.” A prática rende melhores notas: entre 235 crianças de colégios de Connecticut que começaram a meditar, representou um aumento de 15% nas provas e avaliações.


As áreas do cérebro responsáveis pela memória e pela atenção chegam a ficar mais densas quando se medita. Foi a conclusão a que chegaram pesquisadores de Harvard, Yale e MIT, municiados por scanners de cérebro. Pessoas que mediram com frequência ao longo de vários anos também demoram mais para sofrer a redução destas áreas, em especial o córtex frontal.


“Um estudante que medita pode ter melhores notas, uma vida mais saudável e boas condições de lutar por melhores postos no mercado de trabalho, com menor tendência para sofrer doenças cardiovasculares, stress ou distúrbios mentais”, diz Judson A. Brewer. Em resumo: “Meditar é uma boa forma de alcançar uma vida mais feliz, saudável e produtiva”.

fonte: planetasustentavel.abril.com.br

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Natureza: GOLFINHO ROTADOR VIAJA PELO MAR CRISTALINO DE FERNANDO DE NORONHA


Turismo de observação atrai dois mil turistas por mês ao lugar. Arquipélago é tombado pelo Patrimônio Mundial Natural pela Unesco.

Conhecer Fernando de Noronha é estar perto de um mar cristalino, de uma diversificada fauna marinha e de muita natureza. O Golfinho Rotador é um animal tão presente nas águas do arquipélago que já faz parte da paisagem da ilha.

Tombado como Patrimônio Mundial Natural pela Unesco há dez anos, o arquipélago de Fernando de Noronha é formado por 21 ilhas. A principal ilha e a única habitada tem 21 praias e cerca de 2,8 mil moradores. Esse é o sonho de viagem de muitos turistas. “Todo mundo tem o direito de conhecer e o dever de preservar a ilha”, diz o morador Maycon de Albuquerque.

Fernando de Noronha está a 545 quilômetros do Recife, Pernambuco, e a 375 quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte. É o ponto mais avançado do território brasileiro no Oceano Atlântico. Quase todas as mercadorias que abastecem a ilha chegam pelo porto por barcos ou por navios.

Do porto também saem todos os dias barcos lotados de turistas. Uma das principais atrações do mar de Noronha é o Golfinho Rotador. “Noronha é o lugar do mundo mais provável de encontrar grandes concentrações de golfinho”, diz José Martins da Silva Júnior, coordenador do Projeto Golfinho Rotador.

O grande número de golfinhos e a preocupação em preservá-los foi o que fez José Martins ajudar a criar o Projeto Golfinho Rotador. São 21 anos de história. “O Projeto Golfinho Rotador é um programa de conservação de fauna e de golfinho na vida e no ambiente natural. A gente trabalha com pesquisa. Estuda o comportamento do golfinho para saber o que ele está fazendo e quais os fatores naturais e de origem humana que influem no comportamento natural dele. A gente trabalha com educação ambiental, com as crianças da ilha e com os visitantes, de modo a melhorar a consciência ambiental dos moradores, dos ilhéus e também usar Noronha como um instrumento de conscientização ambiental dos visitantes que passam pelo arquipélago”, explica José Martins.

Hoje, o projeto é uma parceria do Centro Mamíferos Aquáticos, do Ministério do Meio Ambiente, com a ONG Centro Golfinho Rotador e conta com pesquisadores, educadores ambientais e estagiários. Todos os dias, os pesquisadores do projeto seguem uma pequena trilha que leva ao Mirante de Observação para fazerem estudos sobre os golfinhos.

“Dá para perceber que eles estão chegando porque a água parece que está fervendo. Como eles sobem para respirar, a nadadeira dorsal aparece e fica formando manchas. Para contar, a gente pega sempre o primeiro golfinho do grupo. Eles se deslocam mais organizados. Então, tem sempre um golfinho na ponta. A gente localiza esse golfinho, deixa o binóculo parado neles e conta conforme os outros passam no nosso campo de visão. Conforme a gente aperta o contador, vai dando o número”, explica a pesquisadora Juliana Rodrigues Moron.

“Eles vêm para cá principalmente para descanso. Essa espécie de golfinho passa a noite toda em alto mar se alimentando e se aproximam dessas enseadas com águas calmas, tranquilas, como a Baía dos Golfinhos, para descanso, reprodução e cuidados com os filhotes”, esclarece a bióloga Marina Tischer.

Os pesquisadores também passam informações para os turistas. “Juntando um pouquinho dos resultados desses 21 anos de monitoramento da Baía dos Golfinhos a gente percebeu que eles vêm para cá em 95% dos dias do ano, numa média de 363 animais”, completa Marina.

Os turistas Selma Leite Santana e Valdemar Gonçalves da Cruz, que são de Santos, ficaram encantados com os golfinhos de Fernando de Noronha. “Quase não dormi para poder estar em pé aguardando a condução que nos trouxesse para ver essa maravilha. É uma coisa maravilhosa, que vale a pena”, avalia.

“A gente acredita que esse turismo de observação de golfinhos, tanto no Mirante dos Golfinhos quanto o passeio de barco, toda forma do turista encontrar com os golfinhos cria uma consciência ambiental, desperta uma consciência ambiental nas pessoas muito grande”, conclui Marina.

fonte: g1.globo.com


terça-feira, 9 de julho de 2013

O cão vira-lata brasileiro - "Bom pra cachorro"


Um excelente artigo publicado pela National Geographic Brasil conta a origem dos cães de raça vira-lata, nosso amigo brasileiro, uma raça formalmente chamada pelos veterinários de raça sem definição (SRD), estes cães diferentes dos cão de pedigree provam serem autônomos, simpáticos e versátis.


Durante centenas de milhares de anos, o sono dos seres humanos foi leve e conturbado. Animais selvagens, predadores, grupos inimigos e ameaças de todo tipo impediam qualquer pessoa de dormir profundamente. Era preciso estar vigilante. Nossas noites começaram a ser tranquilas graças ao cachorro. A domesticação progressiva dos cães, com sua excepcional capacidade de detectar intrusos pelo ruído e pelo olfato, latindo e dando sinal nas proximidades do acampamento humano, foi uma enorme mudança na vida cotidiana. Comparável à descoberta do fogo.
A habilidade de fazer fogo foi uma das maiores conquistas tecnológicas da humanidade. Permitiu o aquecimento, a iluminação; trouxe conforto e novas técnicas, como o cozimento dos alimentos, a cerâmica, a metalurgia e tantos outros avanços. A domesticação do cachorro foi, talvez, o segundo de nossos maiores êxitos. Hoje o cão é encontrado em todo o mundo como animal doméstico. Impossível, em nossos dias, uma sociedade humana sem fogo e sem cachorro.
O cão é um mamífero carnívoro da família dos canídeos. Seu nome científico é Canis familiaris, e a espécie descende de populações selvagens do lobo eurasiático (Canis lupus). Todo o cão, independentemente de raça, é descendente longínquo dos lobos selvagens e primo da raposa. O menor dos cachorros, como esses que algumas senhoras levam dentro da bolsa, é descendente do lobo. Durante muito tempo acreditou-se que o homem domesticara o lobo, recuperando e criando seus filhotes. Hoje as pesquisas indicam quase o contrário. Foi o cachorro quem, de certa forma, domesticou os seres humanos, acompanhando-os de longe, persistindo, convencendo-os de sua utilidade e colocando-os a seu serviço.
Um pouco como as hienas fazem com os leões e outros predadores, determinados tipos de lobo seguiam os deslocamentos humanos a distância. Sempre prontos a recuperar resíduos alimentares, como ossos, ligamentos e restos com um pouco de gordura e carne. Nômades, os caçadores-coletores primitivos eram comedores de carniça, assim como os lobos. Com o tempo, os seres humanos também seguiam e observavam os mesmos lobos para detectar uma presa ou carniça. Para esses animais, era um ótimo negócio compartilhar uma carniça ou caça com os seres humanos, que apresentavam armas, cada vez mais sofisticadas, para obtê-la e defendê-la de outros predadores.
A competência em dar sinal em caso da chegada de intrusos permitiu e garantiu a permanência desses animais dos acampamentos humanos. Uma interdependência estava criada. Trouxemos os filhotes para dentro de nossas cavernas e cabanas. E imaginamos o simétrico: mitos e histórias em que lobos amamentam, por exemplo, os fundadores de Roma ou Mogli, o menino-lobo (sem falar no lobisomem).
Com essa proximidade, começamos a compartilhar comida e doenças, ócio e trabalho, inimigos e ameaças. Os seres humanos puderam, enfim, dormir. Relaxar. Entrar num estágio de sono profundo, confiando sua noite e seus sonhos ao aguçado olfato e à audição superior dos companheiros cachorros. Faz pouco tempo: menos de 20 mil anos de bons sonhos contra centenas de milhares de anos de pesadelo.
Cachorro de índio
Ao contrário do que muitos imaginam, no século 16, não foram facões, machados ou anzóis as tecnologias europeias mais desejadas e adotadas pelos indígenas brasileiros - mas o cachorro. A razão inicial da ampla difusão e do sucesso dessa tecnologia europeia com os índios do Brasil foi seu uso como defesa. Os cães foram mais úteis aos indígenas que o irreprodutível metal dos europeus.
Na chegada dos portugueses ao litoral brasileiro, a expansão territorial dos tupis ainda não estava consolidada, apesar do desaparecimento dos sambaquieiros e outros povos. As guerras entre tribos e aldeias eram permanentes e marcadas pela exoantropofagia. Mulheres e crianças eram as maiores vítimas: fáceis de capturar, imobilizar e transportar, mais indefesas que os guerreiros. Buscar água ou brincar longe das aldeias era um risco enorme. A vida concreta das mulheres e crianças nativas, naquela época, era muito distante da mítica visão paradisíaca apresentada em alguns livros de história.
 A introdução do cachorro pelos portugueses, sobretudo pelas mãos dos jesuítas, inaugurou nova era de sono tranquilo para os índios brasileiros. Em caso de aproximação de guerreiros inimigos, de dia ou de noite, os cachorros davam sinal e até atacavam os potenciais agressores. O cachorro foi integrado nas tribos como o primeiro mamífero doméstico - e continua sendo o mais extraordinário deles, capaz de seguir os passos do indígena, obedecer a suas ordens e cumprir tarefas diversas. Essa intimidade é tamanha que ainda hoje é comum observar índias amamentarem cães em seus seios ou prepará-los assados como alimento.
Como no caso dos primeiros grupos humanos, só tempos depois os índios descobriram a capacidade de caça dos cachorros. Foi uma revolução em suas vidas. A eficiência cinegética dos bichos, sozinhos ou em alcateia, como no caso dos lobos, introduziu mudanças nas técnicas de caça indígenas e até nos ritos relativos à captura da temida onça, por exemplo, antes normalmente atraída para armadilhas cavadas no solo, como indicam relatos dos jesuítas. A capacidade do cachorro de farejar, perseguir e acuar as onças no alto das árvores trouxe nova realidade às aldeias. Conforme o dito popular, nenhum índio se sentia mais num mato sem cachorro. E o sucesso reprodutivo dos cães garantiu rápida expansão de sua presença entre as tribos. Logo os caninos chegaram às aldeias mais remotas no interior, cujo contato com os brancos e suas tecnologias só ocorreria séculos mais tarde.
Símbolo e função
Os cães são naturalmente prolíficos. Cada ninhada tem, em média, de seis a oito filhotes. São fáceis de reproduzir. Os cios são frequentes. As fêmeas aceitam muitos machos. Às vezes, uma ninhada tem filhos de vários pais. E o intervalo entre partos é pequeno, o que permite à fêmea parir duas vezes por ano. Qualquer criador sabe: o tempo de geração curto e os filhotes numerosos são os ingredientes básicos de uma seleção genética animal rápida e eficiente. Há séculos, os seres humanos selecionam e aperfeiçoam raças de cachorro capazes de cumprir os mais diversos papéis e funções sociais. As raças são também símbolos de status, beleza, segurança, riqueza, força.
É curioso, mas um trabalho de seleção bastante parecido também foi feito pelos cachorros, sem que os seres humanos percebessem. Foi assim na Babilônia, nas cidades gregas e no Império Romano. Foi assim no Brasil, é claro. Nas ruas e nos subúrbios das metrópoles, nas fazendas e nos pequenos sítios, nas margens dos rios amazônicos ou no meio da caatinga, nas favelas e nos lixões. No caso dos vira-latas, as condições ambientais e as leis de Darwin selecionaram o melhor sucesso reprodutivo e adaptativo.
O vira-lata brasileiro é um cão autônomo, de grande inteligência e com enorme capacidade de conformação. Seus formato e tamanho são médios. Sua pelagem é curta e de cores ajustadas às condições ambientais, variando do negro ao bege-claro. Correm, nadam, sabem dissimular e têm todos os sentidos aguçados e bastante equilibrados. Muitas pessoas certamente ficariam na dúvida em identificar o nome de certa raça de cachorro com pedigree, mas poucos hesitariam em reconhecer um vira-lata, um rasga-saco, um pé-duro ou um, na linguagem formal dos veterinários, SRD (ou sem raça definida).
O SRD tolera e resiste a doenças e enfrenta sozinho condições ambientais adversas nas quais outros cães não teriam nenhuma chance de sobrevivência, seja no meio do mato, seja na área rural ou mesmo nos grandes centros urbanos. Oposto aos cachorros de raça, especialistas por natureza, o vira-lata é antes de tudo um generalista. Seu talento, seu conhecimento e seu interesse se estendem a vários "campos", não se confinando em nenhum setor, como seus parentes com pedigree. Ele está geneticamente equipado para lidar com diversas situações, impostas pela natureza ou pelos seres humanos.
Uma coleção de acasos e oportunidades deu origem e moldou o vira-lata brasileiro. Ele segue evoluindo enquanto, no caso dos cães de raça, o esforço dos seres humanos é garantir a não evolução, a manutenção das características da raça e sua imutabilidade. Nesse processo, o animal vira-lata foi bem mais proativo que o ser humano. Na história de introdução e multiplicação de cachorros Brasil afora, o cão foi mais sujeito que objeto. Ele sentia o cio das fêmeas. Ele fugia para encontrá-las, viver suas aventuras. Pouco exigente em termos de alimento e abrigo, ele fez sua vida nas fazendas, nas cidades, nos vilarejos, acompanhando boiadas ou bandeiras, sítios e residências, saltando de canoa em canoa, de vagão em vagão, de circo em circo, seguindo andarilhos e romeiros ou caminhando solitário pelas trilhas e estradas, empreendendo viagens aventureiras e amorosas pelas terras brasileiras.
Olhos nos olhos
É necessário enorme treinamento para um chimpanzé aprender o significado de uma ordem ou de dois gestos humanos. Mas um cachorro é capaz de entender mais de 100 palavras e identificar pelo nome até 200 objetos. No Pantanal, nos sertões e nas montanhas de Minas Gerais, os cães pastores atendem a apitos, assobios, gritos, palavras e gestos, mesmo a grandes distâncias, realizando com precisão suas tarefas entre os rebanhos de bovinos, ovinos e caprinos. Da mesma forma, na zona rural, os vira-latas aprendem e colaboram nas diversas técnicas de caça empregadas no caso de onças, tatus, pacas, perdizes, jacus ou no que seja. A razão é simples: há milhares de anos o cachorro tem sido selecionado para nos entender, nos ajudar, cumprir nossas ordens e atender a nossos desejos.
 Desde sua domesticação, o cachorro tornou-se uma criatura poliglota, uma das poucas capazes de comunicação interespecífica. Esse animal bilíngue é capaz de comunicar-se com sua espécie e com os seres humanos como nenhum outro. Os cães estão sempre atentos, captam e interpretam a voz das pessoas, seus gestos, a expressão de seu rosto e, sobretudo, seus olhos. É obrigação deles insinuar-se no meio dos seres humanos, acompanhando sua evolução, conquistando os mais diversos grupos e lugares sociais. O primeiro terráqueo a viajar até o espaço sideral foi um cão: a cadela russa Laika.
Algumas raças de cachorro praticamente não latem, outras não uivam e outras são muito barulhentas. Os vira-latas, dada a multiplicidade de situações que enfrentam para sobreviver em meio a outros animais e seres humanos, em áreas rurais e urbanas, não perderam nem uma só nota musical de suas competências sonoras. Cachorros são capazes de rosnar, acuar, barroar, cainhar, esganiçar, ganir, ladrar, latir, uivar e ulular. Não temos tantos verbos para descrever os sons de outra espécie animal. E, no universo sonoro, os cães ainda são aptos a muito mais. Nós é que, simplesmente, não os escutamos.
Suas orelhas, estimuladas por 25 músculos, giram, sobem, descem, movem-se de forma dissociada ou coordenada e detectam com precisão a origem dos sons. Para defender um estábulo ou caçar uma presa, por exemplo, esse recurso é fundamental. Cães são bem mais eficientes que gatos ao caçar ratos, apesar do inabalável marketing dos felinos. Eles percebem os ruídos sutis das mandíbulas dos roedores e sabem onde estão. Seu aparelho auditivo pode captar frequências duas a três vezes maiores do que somos capazes. Em termos de comparação, para alcançar a gama auditiva dos cães, teríamos de agregar 48 teclas à direita de um piano. Por isso, eles sabem, de longe, pelo som, se um animal escapou do curral, se um estranho parou do lado de fora do muro ou se o veículo de sua dona se aproxima a cinco quadras dali. E, diante disso, tomam todas as providências pertinentes.
Faro fino
Cães de raça são procurados em canis especializados, comprados por altos valores e vêm com atestados de pedigree. No caso dos vira-latas, ocorre exatamente o contrário: são eles que buscam os seres humanos. Eles são capazes de insinuar-se e ser úteis nos mais diferentes ambientes ecológicos, sistemas de produção ou condições sociais do Brasil. Se os atestados de pedigree documentam toda a linhagem genealógica de um animal de raça, quase nunca se tem ideia de quem foram os pais de um vira-lata. Mesmo assim, um cão de pedigree com chip de identificação e toda a sua genealogia mapeada tem pouca chance de sobreviver se for abandonado, por exemplo, no meio da avenida Paulista, em São Paulo.
Já os vira-latas urbanos aprenderam a atravessar a rua. Aguardam os veículos passarem. Respeitam os sinais. E, em muitos casos, usam "homens-guias": nos cruzamentos mais difíceis, eles observam e seguem as pessoas. Da mesma forma que os deficientes visuais se utilizam dos cães-guias, os vira-latas, nessas e em várias outras situações, se servem dos seres humanos. Tudo isso sem que seja preciso treiná-los.
Os vira-latas demonstram tão rapidamente sua capacidade de apreender e expandir a mente por razões genéticas. Mas também porque, desde os primeiros dias de seu nascimento, estão expostos a grande variedade de experiências sensoriais, sobretudo nas patas. Seguem a mãe no capim, na areia, no cimento, na terra.
O agitar da cauda expressa a vida emocional dos cachorros, do mesmo modo que nossas expressões faciais. A cauda é, de certa forma, o rosto do cão. Estudos comprovam que o rabo balança, de forma assimétrica, de um lado para o outro. O cachorro agita sua cauda mais para a direita na presença ou proximidade de seu dono e em situações de conforto. Ele a balança mais para a esquerda quando está com medo, cauteloso ou apreensivo. Como diz a lenda, existem vira-latas tão inteligentes que são capazes de jogar pôquer. Mas nunca ganham porque quando têm um bom jogo... sempre balançam o rabo.
A maior genialidade sensorial do vira-lata é seu olfato. Além de uma sensibilidade bem superior à nossa, o que assombra é sua capacidade seletiva. Onde sentimos cheiro de feijoada, o cachorro identifica o odor da linguiça, do feijão, do louro, da cebola e de todos os ingredientes, um por um. O olfato seletivo dos vira-latas permite que sigam uma pista, uma presa ou uma fêmea por longas distâncias. Eles identificam no meio de um saco de lixo a presença de algum item comestível - ou seja, qualquer produto orgânico em qualquer estado de decomposição. Vira-latas não ruminam. Engolem quase sem mastigar. Seu suco gástrico poderoso transforma todas as matérias e bactérias em nutrientes saudáveis.
 Com esse conjunto de excelências, é normal que, como superlativo de beleza, utilizemos, em português, a expressão: "Bonito pra cachorro!" Da mesma forma, um prato delicioso é "Bom pra cachorro!" Para elogiar a excepcional competência ou o bom desempenho de alguém, dizemos "O cara é o cão!" E a fidelidade a toda prova é descrita como "lealdade canina".
Atores históricos
Os vira-latas desembarcaram com os portugueses, participaram das entradas e bandeiras, testemunharam o grito do Ipiranga às margens plácidas, a proclamação da República e estiveram presentes nas diversas expedições do marechal Rondon e dos irmãos Villas Bôas. Há uns 15 anos, ouvi, emocionado, em uma roda de jornalistas, uma lição de patriotismo relatada pelo grande indigenista Orlando Villas Bôas como quem conta um causo. E vou narrá-la, do jeito que eu me alembro.
Orlando estava numa de suas heroicas expedições pelo Brasil desconhecido, sem contato com a civilização há muito tempo. Um dia, consultando seu diário, realizou que era 7 de setembro. Não teve dúvida. Mandou improvisar um mastro com um tronco de paxiúba. Reuniu todos os seus homens e, em ordem-unida, hastearam a bandeira brasileira e cantaram o Hino Nacional lá no coração da selva. Uma manifestação cívica, sem nenhuma outra testemunha senão a natureza naquele fim de mundo. A emoção foi geral. Terminada a comemoração patriótica, o chefe de seus mateiros, um rude e experimentado sertanejo, aproximou-se. Com jeitinho, quase confidente, puxou o sertanista de lado e comentou: "Bonita cerimônia, hein, doutor Orlando?" "Pois é", respondeu o sertanista.
"Que mal lhe pergunte...", prosseguiu o sertanejo, curioso. "Qual foi mesmo a razão dessa homenage toda?" "Ora! A independência!", respondeu Orlando. "Ah! Ela merece, merece mesmo." "Como assim?" "A Pendência!" "Pendência?!", questionou o sertanista, intrigado.
Foi quando ouviu do mateiro: "É, ela memo. Cachorra boa pra paca como a Pendência nunca mais nóis tivemo, depois que aquela onça matô a coitada. E eu que já quase nem me alembrava do dia dessa tragédia..."
Por Evaristo Eduardo de Miranda
LILICA - UMA LIÇÂO DE VIDA